por Marcel de Souza

Esse é um momento filosófico e de reflexões. O ano que ora se finda trouxe-me sentimentos confusos. Alegrias e tristezas, decepções e surpresas, saudade e felicidade, enfim, tudo conforme o manual de final de ano.

Esse 2017 foi o ano em que definitivamente passei a olhar o basquete de uma perspectiva diferente, como se estivesse vendo uma paisagem, sem me ater a detalhes técnicos, livre de ambições e desejos de consertar a referida paisagem. Enveredei-me pelo lado B, fiz cursos técnicos, estudei outras matérias que me ajudaram a olhar para essa paisagem e entendê-la no seu todo.

Algumas vezes, precisamos nos afastar para conseguir ver a “big picture” e não ficarmos ali naquele dribla-passa-e-chuta cotidiano.

Foi o que fiz!

Passo, portanto, a lhes oferecer minhas percepções, válidas não só para o nosso esporte como para o todo de que ele faz parte.

O sucesso de qualquer organização, esportiva ou não, passa por dois fatores determinantes e tão ligados que se confundem como sinônimos, coisa que na verdade não são. Administração e Gestão são tão importantes para uma organização esportiva que seus responsáveis deveriam ser considerados como fossem um dos valores mais determinantes para o sucesso em campo dessa organização e tratados como tal.

Essa maneira de entender o administrador e o gestor, entretanto, não acontece e a totalidade dos fracassos de uma organização tem como causa, além dos fatores técnicos, a falta de uma administração eficiente e de uma gestão eficaz.

Eficiente e eficaz são dois termos utilizados quase sempre para significar a mesma coisa, como administração e gestão também o são. Só que uma organização esportiva não pode confundir esses termos, pois corre o risco de interferência mútua levando prejuízo ao que mais interessa: o sucesso dessa organização.

Aliás, tudo cai por terra quando isso acontece!

A eficiência da administração entra em choque com a eficácia da gestão e as forças que impulsionam a organização esportiva passam a não atuar de maneira sinérgica tirando completamente o foco e a direção de seus integrantes.

A Administração é avaliada pelo balanço financeiro da organização esportiva, ou seja, no final do período fiscal são publicadas as contas daquela organização e se essas estão positivas ou se todos os ativos (circulantes ou não) são superiores ao passivo a administração foi eficiente.

Só isso!

Parece simples, mas não é, pois requer estudo, planejamento, probidade administrativa, coerência e honestidade de seus responsáveis.

Estes devem saber onde estão, como estão, onde querem chegar como organização e principalmente saber como fazê-lo sem prejudicar financeiramente todo o sistema.

Já a Gestão é avaliada apenas e tão somente pelo resultado. O gestor deve saber o objetivo da organização e alcançá-lo.

Definir um objetivo é uma das coisas mais difíceis para o gestor, pois requer consciência das suas reais capacidades e meios para avaliar seus colaboradores e integrantes da organização.

Esse gestor deve estar atento às relações de trabalho, às atividades de seus integrantes no sentido de que rendam o máximo possível dentro das suas capacidades, quais devem ser melhoradas, como isso deve acontecer, quais são as condições nas quais os indivíduos possam render mais em suas atividades e principalmente como tirar o máximo das condições financeiras que a administração lhe destina para que tudo isso seja possível e o objetivo seja alcançado.

A Gestão será eficaz quando ela trouxer ou superar o objetivo proposto pela organização esportiva e isso pode ser feito em várias etapas.

Avaliar uma organização esportiva apenas pela gestão ou somente pela administração não nos leva a lugar algum, pois, como já foi dito, uma pode atrapalhar a outra e o produto final não será entregue.

Nesse 2018 vamos torcer pela eficiência e eficácia de nossas organizações esportivas.

O ceguinho Jeremias ‘via tudo’ na novela Roque Santeiro/ Foto: Net
O ceguinho Jeremias ‘via tudo’ na novela Roque Santeiro/ Foto: Net