Bem próximo ao embarque para disputar o Pré-olímpico de Split, na Croácia, lutando por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a Seleção Brasileira Adulta Masculina foi surpreendida com mais um pedido de dispensa e a reafirmação de uma aposentadoria. O armador Raul Neto, que atua pelo Washington Wizards, mais uma vez pediu dispensa, alegando motivos pessoais, enquanto o lateral Marquinhos Souza, do CR Flamengo, ratificou o que já tinha dito anteriormente, que estaria se aposentando do selecionado nacional.

Somado a isso, o técnico Aleksandar Petrovic já teve que convocar seu grupo sem os jovens Didi Louzada, lateral que atua pelo New Orleans Pelicans, e Gui Santos, ala/pivô que veste a camisa do Minas Tênis, mas irá tentar uma vaga na NBA (liga profissional norte-americana), realizando os camps de pré-temporada.

No passado, os casos de dispensa eram raros, e só ocorriam em situações de grandes contusões ou por motivos de força maior. O ex-jogador Fausto Giannecchini, que atuou pela Seleção Brasileira por muitos anos, relata as maiores possibilidades financeiras como impeditivo para que o atleta hoje defenda à Seleção.

“Hoje, prevalece o alto salário e o amor à camisa nacional fica em segundo plano. O ideal seria juntar os dois”, relatou.

Já na visão de Josuel dos Santos, a aproximação do basquete brasileiro com os mercados internacionais chama bastante tem chamado atenção dos jovens jogadores. “Hoje, o acesso a NBA e Europa está menos complicado, né? Antes não tínhamos essas possibilidades de treinos, os testes eram as competições internacionais. Aí, éramos testados pelos confrontos diretos. Lamento não podermos competir com nossa força máxima nas competições, já está bem difícil garantir as classificações e isso dificulta ainda mais”, explicou o ex-pivô.

“As prioridades destes novos jogadores, não é de hoje, mudou. Vi que o Marquinhos se aposentou da Seleção, mas poderia ter falado isso antes. As prioridades, como disse, são completamente diferentes, demonstrado que o selecionado nacional, hoje em dia, não é o prato principal do atleta de basquete, mas sim a NBA ou um contrato para jogar fora do país”, acrescentou Pipoka Vianna, que foi o segundo brasileiro a jogar na NBA.

Já Rolando Ferreira, o primeiro brasileiro a atuar na liga profissional norte-americana, acredita que para vestir a camisa verde e amarela, o jogador precisa estar focado apenas nisso. “Acho que cada um é cada um. Devem ter motivos para pedirem dispensa. Acho uma honra muito grande representar seu pais e nunca neguei (como ninguém da minha geração), mas não podemos julgar os atletas por pensarem na sua carreira”, explicou o ex-pivô do Portland Trail Blazers.

“Se é para ir representar o Brasil, que vá com a cabeça tranquila. Não adianta ir, cheio de problemas e questionamentos e não conseguir desempenhar no torneio (como já aconteceu, inclusive)”, finalizou Rolando.