Seleção Feminina inicia o Ciclo Los Angeles 2028

Imagem: Divulgação/CBB

A Seleção Brasileira feminina finalizou o “Tour Brasil na WNBA” com derrota para o Indiana Fever. O duelo deste domingo (04 de maio), no Carver-Hawkeye Arena, em Iowa City (EUA), terminou com vitória da equipe norte-americana (108 a 44). Já na sexta-feira (02 de maio), a equipe nacional foi superada pelo Chicago Sky (89 a 62), também jogando também nos Estados Unidos.

Estes amistosos deram início ao ciclo da norte-americana Pokey Chatman no comando técnico da Seleção Brasileira. É bem verdade que a treinadora não pôde ficar no banco nas duas partidas, assim como as jogadoras Damiris Dantas e Kamille Cardoso, por conta de uma regra estabelecida pela WNBA, que profissionais que detêm contrato não podem atuar contra equipes da liga. Por isso, o conjunto verde e amarelo foi comandado pelo assistente Bruno Guidorizzi.

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As análises não podem ser feitas olhando apenas aos placares finais dos dois amistosos. É claro que ficou evidenciada a superioridade das equipes norte-americanas (como se esperava), mas existem pontos positivos a serem observados. O primeiro deles e, talvez o mais importante, é a boa quantidade de novatas que estrearam pela equipe principal brasileira, isso vai ajudar a aumentar o leque em futuras convocações, assim como Aleksandar Petrovic fez com a equipe masculina.

Outro aspecto relevante é que esses amistosos abriram oficialmente os trabalhos para o Ciclo Los Angeles 2028. É claro que, mesmo do lado de fora da quadra, Chatman fez observações importantes e, junto a sua comissão técnica, deve traçar um plano de trabalho que vise o crescimento estruturado da equipe, desde questões táticas e técnicas, como também no tocante ao entrosamento e aspectos físicos.

Não se pode esquecer que Kamille e Damiris dariam um potencial maior ao time, não só pela qualidade técnica e física, como também pela experiência em grandes competições do calendário internacional, incluindo a WNBA. Bem como Vanessa “Sassa” Gonçalves e Tainá Paixão, destaques da Liga de Basquete Feminino (LBF Caixa), que foram cortadas por contusão.

Outro ponto importante é o atual momento vivido pelo naipe feminino no Brasil. No passado, tínhamos apenas jogadoras de nível A rumando aos grandes centros internacionais. Depois, isso se estendeu aos níveis A e B. Um pouco mais à frente essas duas categorias de jogadoras seguiram para o exterior e atletas de níveis mais baixos rumaram a centros menores do basquete internacional. Por outro lado, para suprir essa necessidade, os reforços internacionais das equipes brasileiras vinham de grandes centros, mas hoje são oriundos de centros de menor expressão, não para trazer ganho técnico, isso até pode acontecer, mas a opção maior é o custo menor. Além disso, antecipou-se o lançamento de jogadoras jovens, ainda sem as condições ideais e sem estarem totalmente preparadas para esse novo estágio na carreira, nas equipes adultas.

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Muito se falou em dar experiência e rodagens às jogadoras brasileiras, especialmente com intercâmbio e jogos internacionais de alto nível. E, esses amistosos, a meu ver valeram muito mais que dois placares elevados para os adversários. Além das questões habituais, serviram também para que as jovens atletas brasileiras, em especial, sentissem o que é estar numa Seleção Brasileira, o que é vestir a camisa da Seleção Brasileira e muito mais… Ter contato com uma realidade diferente, que é o basquete feminino dos Estados Unidos, que é referência mundial.

E, não tem como falar de basquete feminino sem citar o trabalho deficiente de muitas federações estaduais. Poucas têm campeonatos regulares do naipe. Um exemplo triste é a outrora pujante Federação Paulista de Basketball (FPB), que neste ano cancelou a realização da Copa São Paulo Adulta Feminina por falta de equipes interessadas. Isso pode parecer irrelevante, mas essa competição já foi o ponto de entrada de muitas jogadoras jovens no ecossistema do basquete. Não é citado sempre que da quantidade, tiramos à qualidade? Não temos mais isso no naipe feminino.

As críticas devem existir e, desde que na medida certa, elas fazem muito bem. O que não se pode fazer é tecer críticas sem apresentar soluções, motivadas por revanchismo, inveja ou motivos pessoais. O pior é quem está inserido no processo e critica veementemente o trabalho dos outros, sem cuidar e fazer bem o seu. Infelizmente, isso é prática comum no basquete nacional.

O trabalho está apenas começando. Falta muito, sim… Com certeza, falta! Mas, ao menos o naipe feminino nacional saiu do ‘mais do mesmo’, ou seja, foi-se atrás de alternativas diferentes para que ocorra o tão desejado desenvolvimento, que não virá da noite para o dia. Repito: falta muito. Mas, a bola já subiu… É preciso seguir o trabalho, com união, seriedade e acreditando sempre no melhor… Até 2028 tem muita coisa a acontecer, vamos aguardar…