Com a base bicampeã da LDB, time azul e preto enfrentou em condições de igualdade os melhores atletas do País, em vários jogos

Foto: Ricardo Bufolin/ECP
Foto: Ricardo Bufolin/ECP

Disputar a principal competição de basquete do País, repleta de estrangeiros e com equipes de orçamentos consideráveis, não é uma tarefa simples, ainda mais para um time jovem recém-chegado da LDBLiga de Desenvolvimento do Basquete, mesmo reforçado por dois ou três atletas mais experientes. Com esse perfil, o EC Pinheiros se superou para disputar várias partidas do Novo Basquete Brasil (NBB) em condições de igualdade contra as melhores equipes do País.

Apesar das dificuldades, principalmente com a ausência de meio time por algumas rodadas devido à pandemia, o Pinheiros ficou a apenas um ponto da vaga no playoff, meta estabelecida pela comissão técnica. Venceu equipes classificadas, entre elas, Sesi Franca e Bauru e encerrou o campeonato com duas vitórias expressivas, confirmando a evolução dos jovens e a probabilidade de chegar ao playoff, fossem as condições normais.

O diretor de Esportes Olímpicos e de Formação, Fabio Ferraro, reconheceu o esforço e a dedicação do elenco mais jovem do NBB. “A experiência foi muito positiva. Pusemos os meninos em um teste de fogo e eles corresponderam plenamente. Para se ter uma ideia do nível do NBB, jogamos contra o campeão e outros dois semifinalistas da Champions Américas (Flamengo, Minas Tênis e São Paulo). Não fosse a covid, com certeza chegaríamos ao playoff. Estou muito satisfeito”.

Ferraro ficou surpreso com a maturidade que o time demonstrou mesmo em momentos mais extremos. “A união da equipe fez a diferença, nunca se abalou por uma derrota. Adquiriu a capacidade de assimilar os maus resultados e partir para o próximo jogo ainda mais aguerrida. Confiamos na nossa base e continuaremos trabalhando para que os resultados venham já na próxima temporada. Teremos também novos reforços. Quando seus sonhos são maiores do que seus medos, você chega aonde você quer”.

A linha de pensamento de Ferraro é similar à do treinador David Pelosini, que vivenciou seu primeiro NBB logo após o bicampeonato da LDB com a maioria do elenco. “Acredito que o principal aprendizado nessa minha primeira temporada foi gerir um corpo de trabalho muito maior do que eu estava acostumado. Como técnico da base me reportava à supervisão, tinha apenas um preparador físico e o time. Hoje, como técnico do principal, preciso responder a muitas outras áreas e gerir estratégias que possibilitem ações positivas dentro e fora da quadra”.

Mescla para equilibrar
Diante do que estava disponível para a formação da equipe, Pelosini buscou mesclar juventude e experiência. “Tínhamos um time muito jovem, e logo no início da temporada perdemos um dos protagonistas do título da LDB, o Mãozinha que foi para a Macedônia. Sabíamos que alguns atletas sentiriam mais do que os outros o impacto do primeiro campeonato adulto. Gabriel Campos, Jonas Buffat e Rafael Munford eram jogadores que teriam mais oportunidades e na maioria das partidas foram titulares”

O treinador pinheirense constatou, porém, a evolução dos demais jovens atletas. “Danilo Sena, Maicon Douglas e Jamison demoraram um pouco mais a contribuir de forma mais efetiva nos jogos, mas cresceram muito nos treinamentos e acabaram o campeonato em pé de igualdade com os demais. Teichmann e Humberto colaboraram efetivamente para o desenvolvimento e amadurecimento de todos. O plano era esse e foi aplicado à risca, da montagem do time ao último jogo, apesar dos problemas de saúde no caminho”. Teichmann aparece no Top 5 do NBB em três fundamentos: rebotes, tocos e bolas recuperadas.

“Ficamos a uma vitória da classificação, mas de qualquer forma, o desempenho era nosso foco, jogar bem a maioria das partidas independentemente do resultado. Manteremos a base dos jovens e ano após ano seremos mais e mais competitivos. O time é promissor e em breve será uma realidade. Tenho a certeza de que os jovens atletas querem permanecer no clube para seguirem o caminho da evolução como sempre buscaram aqui no Pinheiros”, concluiu Pelosini.

Gigante Gabriel
Do “alto” de seu 1m78, em muitos jogos do Pinheiros o armador Gabriel Campos aparentava ser o jogador de estatura mais elevada em quadra. Com 19 anos, aprendeu a chamar a responsabilidade para ele tanto na armação das jogadas, quanto nos arremessos precisos que decidiam partidas e o colocavam entre os principais pontuadores.

“Foi um aprendizado sair da LDB e dar de cara com os melhores jogadores do País. Senti que evoluí entre o Paulista e o NBB, principalmente em relação ao meu ponto mais frágil, que é a defesa. Joguei contra armadores que eram meus ídolos na infância e que agora me ensinaram muito, deram conselhos importantes”, contou Gabriel, com humildade.

O jovem armador terá três semanas de merecidas férias, mas não deixará de pensar em basquete. “Estou ainda mais empolgado para a próxima temporada. Meu plano é permanecer no Pinheiros para adquirir mais experiência e maturidade dentro da quadra antes de pensar em qualquer outra possibilidade”. Por mérito, Gabriel ainda viveu nesta temporada a inédita experiência de participar do Jogo das Estrelas ao lado de Pelosini.

Tradição azul e preta
O basquete é praticado no Esporte Clube Pinheiros desde 1926 e nas últimas décadas, com a profissionalização do esporte, antes considerado amador, passou a disputar assiduamente as principais competições do País. Em 2011, conquistou a inédita medalha de bronze no NBB e seu primeiro título no Campeonato Paulista.

O mesmo degrau no pódio no NBB se repetiu no ano seguinte, o que levou o clube à conquista da Liga das Américas em 2013, principal competição do continente após a NBA, e ao vice-campeonato mundial interclubes. A força da base é uma característica do Pinheiros, tricampeão da LDB em 2015, 2018 e 2019, competição agregada ao CBC – Comitê Brasileiro de Clubes.