por Marcel de Souza

Marcel de Souza
Marcel de Souza

Bola de Cristal

É claro que eu não consigo acessar as opiniões que já publiquei aqui no Databasket.

Não porque elas estejam inacessíveis. Basta ter um mínimo de conhecimento profissional tanto no jornalismo como na tecnologia digital para isso.

Não é o meu caso, confesso. Lembro-me, porém, que já disse aqui (e é nesse “aqui”, que a moçada antenada põe o link) que um dia, sim disse mesmo assim “um dia ainda veremos quatro equipes brasileiras no final four da LDA”. Estamos muito perto disso.

O NBB tem continuamente elevado o nível competitivo do nosso basquete. Hoje temos equipes que mostraram serem dominantes no cenário pan-americano.

Recordo-me dos sacodes que tomávamos da galera argentina e vejo com certa dose de orgulho que eles agora têm que dançar o nosso samba (muito original essa frase).

De qualquer maneira, torço para que as quatro equipes tornem verdadeiras as minha previsões.

O TRISTE OLHAR DE UM POBRE CEGO
Vocês podem até dizer que eu estou por fora ou então estou inventando (e também podem continuar a música do Belchior prá ver como termina), mas com todo o respeito à equipe de Brasília, e seus integrantes, ela é muito diferente sem Guilherme Giovannoni.

Tá bom, ele é meu genro e isso deveria pesar no meu julgamento, mas não é bem assim.

Guilherme é o substrato onde brilham Deryk, e cia. Por quê eu vejo assim?

Porque o Gui “olha e vê o jogo”, passa para quem está livre e ajeita, com sua presença, o posicionamento de Brasília tanto ofensiva quanto defensivamente entre outras contas (o resto eu não conto).

Quem já esteve lá sabe que um P&R pode não dar certo se tiver muita gente por perto, ou uma rotação defensiva faz estragos no ataque adversário se você apostar em deixar livre o jogador menos eficiente do mesmo.

Um passo ou um passe do Guilherme criam espaço e tempo de ação de jogo para todos os seus companheiros crescerem na partida.

Espero que ele volte logo à equipe.

O MEU SAMBA AINDA É NA RUA
As Olimpíadas já estão na esquina e é muito preocupante a situação da nossa seleção masculina no que tange aos jogadores que estão atuando na NBA.

Eu não quero recordar aos leitores, mas todo ano é uma correria danada: jogadores que atuam longe daqui estão esgotados física e emocionalmente por terem participado até o final de uma temporada extenuante e querem, precisam e necessitam e , claro, merecem um descanso para se recomporem. Por outro lado, os que estão por aqui, por mais que se dediquem, estão numa forma um pouco diferente do ritmo de NBA e Euroliga, mas que de qualquer maneira também se encontram emocionalmente desgastados e fisicamente precisando de uma parada para aguentar a temporada de seleções nacionais. Aí vem o bigode e quer treinar 180 dias. Como isso não é possível, ele treina só 45.

Resultado: cansaço, contusões, cara feia dos dois lados e obviamente decepções.

Acontece, porém, que dessa vez o bigode tem razão. E por quê eu digo isso?

Tempo de jogo dos nossos melhores jogadores lá na NBA. Gente, tá fácil não!

Por mais que o pessoal treine e se dedique em manter a forma, tem coisas que só o jogo dá e transformações físicas que só acontecem com o estímulo agonístico.

Ou seja, vamos ter que construir a equipe praticamente do zero.

Conseguiremos?

Acho que o bigode tem pouco tempo prá isso.

PODE ISSO, ARNALDO?
Todo mundo sabe que eu tenho uma verdadeira aversão às faltas apitadas quando o jogador de ataque não está com a posse de bola.

Eu chamo isso de “falta fora da bola”.

Acho que para ser marcada uma falta fora da bola ela tem que ter sido uma “quase agressão”, uma tentativa não leal de impedir que o adversário jogue.

No basquete que eu conheço e aprecio, a briga pelo posicionamento ofensivo é fundamental para o sucesso do ataque ou da defesa, pois quem tem a posição ideal, tem tudo. Ninguém obviamente discorda de que o jogador com bola deve ser protegido.

Mas o jogador sem a bola tem que se colocar numa posição em que ele leve vantagem quando a receber.

Esse é o problema, pois os países onde essa disputa fora da bola é liberada são justamente os que mais têm sucesso nas grandes competições internacionais. Não permitir a briga leal pela posição é atrasar o nosso basquete.

Como eu já muitas vezes disse: “Falta fora da bola é falta? É. Pode ser marcada? Pode. Deve ser marcada? Não. Por quê?

Atrasa o jogo, acaba com o espetáculo.

Data: 13 de fevereiro de 2016