O técnico comandou a Seleção Brasileira por mais de 20 anos

Com uma vida inteira dedicada ao basquete, principalmente ao feminino, o técnico Antônio Carlos Barbosa é o mais novo Hall da Fama da FIBA, a Federação Internacional de Basketball (FIBA). Nascido em Bauru (SP), Barbosa, de 77 anos, está entre os homenageados da Classe de 2022, divulgada pela Federação Internacional em seu site oficial, sendo o segundo treinador brasileiro com a honraria – Togo Renan Soares, o Kanela, é o outro, homenageado na Classe de 2007. A cerimônia oficial será no dia 30 de novembro (quarta-feira), na Suíça, na Patrick Baumann House.

Antônio Carlos Barbosa foi técnico da Seleção Brasileira por mais de 20 anos, em três passagens (1976 a 1984, 1996 a 2007 e na Olimpíada Rio 2016), com 448 jogos internacionais e 330 vitórias. Foi o técnico do Brasil no bronze olímpico em Sydney 2000, além de ter disputado outras duas Olimpíadas. Tem seis participações em Jogos Pan-americanos, com um ouro, dois bronzes e uma prata, e 10 títulos Sul-americanos adultos.

“Honestamente, poderia esperar tudo, mas nunca estar no Hall da Fama da FIBA. Sou uma pessoa muito simples, pouco vaidoso, e isso não me levava a imaginar que poderia ter esse reconhecimento da FIBA. Isso é o gran finale da minha carreira esportiva de técnico. Serei o segundo técnico brasileiro a receber, o primeiro foi o Kanela, que é um nome histórico. Fiquei emocionado. Era muito para a minha imaginação”, disse Barbosa após saber da honraria da FIBA.

 

Carreira
Barbosa começou no basquete cedo, ainda em Bauru. Aos 18 anos, como jogador, deu os primeiros passos no juvenil do Noroeste. Logo foi chamado para ser técnico da equipe feminina do colégio em que estudava. Em 1966, tornou-se técnico do Basket Feminino, em Bauru. Aos 23 anos, passou a ser assistente da Seleção paulista de basquete. Formado em educação física em 1969, viu sua carreira decolar.

Aos 26 anos, se tornou assistente técnico da Seleção Brasileira, tendo idade inferior às das jogadoras da época. Waldir Pagan era o técnico. Em 1976, assumiu efetivamente como técnico principal da Seleção feminina, mesmo que já tenha sido comandante em momentos de afastamento de Pagan entre os anos de 1971 a 1973.

“A minha carreira, como um todo, sou um dos poucos técnicos que percorreu a estrada desde o começo. Degrau a degrau. Comecei como técnico de colégio, passei a minha vida esportiva praticamente toda em Bauru, saí para ser técnico. E percorri tudo. Seleção paulista, assistente da Seleção. Isso te dá um conhecimento muito grande. Da vida, do basquete. Uma lição de vida absurda. A minha carreira foi de luta. No final dela, passei a dirigir equipes competitivas. Cheguei à assistente da Seleção com 26 anos. Cheguei e fiquei. Lancei Paula, Hortência, Marta, Vânia Teixeira, Janeth, e outras, que atingiram o nível excepcional. Peguei várias fases da Seleção”, lembra Barbosa.

Depoimentos

Guy Peixoto Jr, presidente da CBB: “Meus parabéns ao Barbosa pela entrada no Hall da Fama. O segundo técnico brasileiro a ter esse feito histórico e lindo de reconhecimento por toda a sua trajetória de vida e carreira no basquete feminino. Barbosa é sinônimo de Seleção Brasileira, com três passagens e mais de 400 jogos como treinador do Brasil. Uma vida inteira dedicada. Nada mais do que merecido, pelo profissional e pessoa que é”.

Maria Paula Gonçalves da Silva (Magic Paula), vice-presidente da CBB: “Uma escolha muito acertada. Não que outros também não merecessem. Outros treinadores que também foram importantes. Mas, culturalmente não conseguimos resgatar e valorizar. O Barbosa foi um cara que muito jovem ainda assumiu uma Seleção, onde entrou nossa geração. Teve coragem, assumiu um trabalho. Teve dificuldades, tudo muito novo. Mas ele tem todos os méritos. Plantou uma semente que outros vieram regando depois disso. Tem total importância, principalmente na nossa geração. De assumir e começar um novo trabalho. É um reconhecimento muito merecido ao Barbosa”.

Currículo com a Seleção Brasileira: campeão Sul-americano cadete (2001), 2x prata no Sul-americano Jr (1996 e 2001); campeão Sul-americano Jr (1976); prata da Copa América Jr (1977); campeão da Copa América Jr (1978); campeão da Copa América sub-18 (1996); prata da Copa América sub-20 (2002); 10x campeão Sul-americano adulto (1972, 1978, 1981, 1997, 1999, 2001, 2003, 2005, 2006 e 2016); 2x bronze nos Jogos Pan-americanos (1983 e 2003); bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000); campeão dos Jogos Pan-americanos (1971); prata dos Jogos Pan-americanos (2007); 2x prata na AmeriCup (1997 e 2001); campeão da AmeriCup (2001)