por Carlos Vicente Andreoli (*)

Quando falamos em “ENTORSE” ou “TORÇÃO” sempre está envolvida a “torção” de uma articulação (tornozelo, joelho, cotovelo, punho, ombro e coluna) afetando principalmente os ligamentos responsáveis pela integridade e estabilidade da articulação.

A “torção do tornozelo” é a afecção traumática mais comum no basquete, em todas as categorias e em ambos os sexos, por isso todo e qualquer entorse não pode ser negligenciado. O entorse de tornozelo ocorre na maioria dos casos na aterrissagem do salto com queda contra o pé do adversário ou sozinho em um lance de desequilíbrio, durante a bandeja ou disputa do rebote.

Estudos realizados na NBA e NCCA evidenciaram que os entorses de tornozelo afetavam principalmente os atletas da posição 4 e 5. Calçados inadequados, pisos irregulares e escorregadios para prática do basquete também são fatores predisponentes a um maior número de lesões. As atletas do sexo feminino apresentam uma incidência de entorse de tornozelo de 2 a 3 vezes maior que os atletas do sexo masculino.

O mecanismo de lesão mais comum é a inversão com a flexão plantar do pé (“torção com o pé para dentro”). O entorse do tornozelo envolve a lesão dos ligamentos laterais em 90% dos casos e em 10% dos casos dos ligamentos mediais. Na lesão grau I – ENTORSE LEVE com estiramento leve do ligamento, no grau II – ENTORSE MODERADO com estiramento parcial e no grau III – ENTORSE SEVERO com ruptura completa do ligamento. Em 90% dos casos o ligamento mais afetado é o ligamento fibulo-talar anterior.
No momento da torção, pode aparecer inchaço no tornozelo, acompanhado de dor local e incapacidade de apoiar o pé afetado no chão. De imediato coloque gelo no local 15 a 20 minutos a cada 1 hora e evite andar com o pé torcido, arrume uma muleta para ajudá-lo. Encaminhar o atleta ao pronto-socorro para os primeiros atendimentos. É importante a avaliação de um médico e realizar quando necessário uma radiografia, para verificar a presença ou não de uma fratura. Nas lesões grau II e III, a ultrassonografia e a ressonância magnética identificam as lesões ligamentares ou de cartilagem.

Após o diagnóstico do entorse de tornozelo, enfatizamos atualmente o TRATAMENTO FUNCIONAL. Nos primeiros 5 a 10 dias, mantêm-se o pé imobilizado com goteira gessada ou bota imobilizadora, com a melhora da dor e do inchaço iniciamos a descarga parcial do peso do pé contra o solo e o processo de reabilitação (não usar gesso por períodos prolongados, mais que 15 a 20 dias).

O tratamento cirúrgico é indicado apenas em casos graves, com lesão de cartilagem , lesão completa do deltóide e fraturas associadas. Caso o atleta apresente queixa de falseio ou instabilidade no tornozelo, nas lesões crônicas indica-se a cirurgia.

O período para retorno ao basquete depende da gravidade do entorse tornozelo. Na maioria dos casos grau I (5 a 10 dias, no grau II (2 a 4 semanas) e no grau III (4 a 6 semanas. Enfatizamos a necessidade de trabalho preventivo com exercícios de própriocepção, principalmente para as categorias de pré-mini a juvenil para melhora do equilíbrio e fortalecimento adequado das estruturas estabilizadoras do tornozelo. O uso de imobilização para o retorno pode ser feito com as tornozeleiras, bandagens (botas de esparadrapo), se necessário. Boas Cestas !!!

(*) Dr. Carlos Vicente Andreoli é diretor Médico da Confederação Brasileira de Basketball (CBB), chefe da Disciplina de Medicina Esportiva da UNIFESP e diretor do Instituto do Atleta

Informações complementares: http://www.doutorandreoli.com.br ou (11) 3887-5123