O São Paulo FC reativou sua equipe masculina de basquete depois de muitos anos, buscando chegar à elite nacional. Mas, o que poucos torcedores e aficionados pela modalidade lembram, é que o Tricolor já viveu um período mágico, quando conquistou o título do Campeonato Brasileiro Feminino – 2002, registrando o seu nome na história do esporte da cesta.

Foto: Arquivo
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“Meu nome foi lembrado por ter sido assessor do diretor de Basquetebol na gestão anterior à do presidente Marcelo Portugal Gouvêa. Fui chamado para uma reunião na presidência, pois havia interesse na parceria com Guarulhos para disputar o nacional de 2002. O time não era bom (última posição no estadual), mas sabia que com um único nome, à melhor atleta brasileira da época (Janeth Arcain), teríamos chance de disputar o título contra as imbatíveis equipes de Ourinhos e de Americana”, relatou Marcus de Andrade Villela, diretor de basquete do São Paulo FC na gestão do presidente Marcelo Portugal Gouvêa.

“A incumbência recebida foi um presente e a conquista do título brasileiro de 2002, em janeiro de 2003, foi a coroação de um trabalho realizado com amor e obstinação. Aliás, só consegui essa liberdade de atuação graças ao Diretor de Esportes Amadores, Paulo Mutti, e ao excelente trabalho realizado, na época, pelo meu assessor, Carlos Antônio Gigliotti Júnior, e o atual Diretor de Basquete do SPFC, Mauricio Sanzi, que comandaram com maestria e afinco as categorias de base do clube”, complementou Vilela.

A campanha do São Paulo/Guaru, já que a equipe havia firmado uma parceria com a Prefeitura Municipal de Guarulhos, no Campeonato Brasileiro Feminino – 2002 foi excelente. O time comandado pelo técnico Alexandre Cato concluiu a primeira fase na segunda colocação, com 14 vitórias e 04 derrotas.

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Cato / Foto: Arquivo

“No início do projeto com o São Paulo FC foi uma honra ter conhecido a pessoa (família também) do Dr. Marcelo Portugal Gouvêa, que acreditou em mim e, com muita simplicidade e carinho, me abraçou. Foi difícil entender como uma pessoa Ilustre e de família tradicional confiou em um projeto como o nosso, com tão pouco tempo de conhecimento; e chegar tão rápido no nosso objetivo”, relembrou Cato.

“A equipe de Americana é briosa, mas o São Paulo/Guaru entrou nos playoffs com mais determinação em busca dessa conquista inédita. Mais uma vez, cada uma de nós soube fazer a sua parte e conseguimos a terceira vitória para fechar a série. Esse título é muito importante para mim porque coroa o ano de 2002 onde fui campeã paulista (Unimed/Ourinhos) e brasileira (São Paulo/Guaru)”, comentou a lateral Janeth Arcain, que foi a cestinha da competição, com a média de 23.9 (358 no total), e também eleita a MVP do Nacional, logo após a conquista.

Na série melhor-de-cinco do playoff – semifinal, o São Paulo/Guaru passou pelo Santo André, com três vitórias e nenhuma derrota. E, na série decisiva, também em melhor-de-cinco jogos, diante da Unimed/Americana, repetiu o placar, fechando à disputa em três a zero, garantindo o título inédito.

“A união foi ponto alto da equipe, pois naquele ano tínhamos meninas importantes de alto nível e meninas da base de Guarulhos; nos unimos muito para conquistar este título e treinamos muito também. A equipe foi, sem dúvida, um espetáculo porque muitos não acreditavam em nossa equipe, mesmo tendo Janeth no elenco. Mas, fomos lá e ganhamos da potência da época que era Unimed/Americana”, explicou a ex-pivô Simone Pontello, campeã Mundial com a Seleção Brasileira em 1994, que foi importante nesta conquista do São Paulo FC.

“O que mais recordo é que eu era bem jovem, treinava quatro vezes por dia (com minha categoria e com o adulto) e pude fazer parte de um grupo bom e com raça. Joguei ao lado de uma das grandes jogadoras, Janeth Arcain, e pude aprender bastante com ela, tanto na questão da postura, quanto de jogo; ela me orientava bastante e era atenciosa. Jogava de armadora na época mesmo sendo lateral, então era fácil, pois passava a bola para ela e estava tudo certo; lógico, tínhamos um time massa e comprometido”, destacou a lateral Palmira Marçal, que joga atualmente pelo Ituano FC.

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Erika de Souza / Foto: Arquivo

“Eu era muito nova e tinha uma energia tremenda, estava cercada de jogaras experientes, então tudo ficava mais fácil, Se não me engano, este foi meu primeiro título, tínhamos umas torcida maravilhosa, que estava sempre nos apoiando”, complementou a pivô Erika de Souza, que hoje atua no basquete espanhol.

O elenco era composto pelas seguintes jogadoras: Kátia Silva Cavallaro, Priscila Moreira de Souza, Palmira Cristina Marçal, Simone Pontello, Janeth dos Santos Arcain, Íris de Moraes, Ana Lúcia da Silva, Tatiana Dias dos Santos, Maria Cristina da Silva – Ala/Pivô, Érika Cristina de Souza, Juliana Pinheiro S. Gomes, Sandra Candido da Silva, Tayara Maria Pesenti, Kelly Cristina Silva Cota e Fabiana Aparecida de Oliveira. Técnico: Alexandre Cato. Assistente-técnica: Priscila Sautchuk. Fisioterapeuta: Andrea Formigoni.

“O trabalho, como sempre, foi de desafios, muita motivação e dedicação. Com a parceria ficou de muita responsabilidade, pois não seria só a equipe e a cidade, mas um clube grande e tradicional, que já tinha experiências vitoriosas no esporte amador. E, com a contratação da Janeth Arcain, a equipe mesclou juventude de qualidade, oriundo do trabalho nosso de 15 anos da base até então, e uma atleta de muita superação técnica e vencedora”, comentou Cato.

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“Muito bom ter um sonho realizado e dividido com o São Paulo FC, acredito que o custo benefício foi o melhor dos últimos anos e arrisco a dizer que até hoje mesmo. Quatro das atletas campeãs surgiram da base de Guarulhos, que começamos 15 antes, e uma delas guarulhense, a Sandra Cândido (Sandrinha) muito orgulho. E as demais vieram completando as categorias infanto-juvenis na época, e com um trabalho primoroso da preparação física (Professora Priscila Sautchuk) e da fisioterapeuta Andrea Formigoni, o nosso grupo de trabalho sem dúvida foi o melhor. Teríamos que enfrentar equipes como Americana, com técnico e jogadoras de seleção, e as demais equipes também de altíssimo nível”, acrescentou o treinador.

“O Cato e à Priscila fizeram um excelente trabalho, que aliado à experiência da Janeth Arcain, grande nome da equipe na competição, e a força do grupo, resultaram nesta conquista inédita para o clube”, finalizou Marcus de Andrade Villela.

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